a mais glamorosa das provas...

 E na segunda-feira liga-me o meu tio.

-Parece impossível, Joana. Ainda andas com falta de ar e não dizes nada. Tenho de saber pelo teu irmão, não és capaz de telefonar?

- ah! e tal..não é bem assim. Tenho asma só com cheiros fortes ou quando faço esforços. Não se pode chamar bem asma. E tenho andado com muito trabalho e as viagens a Barcelona. Nem me lembrei.

-Amanhã, 14h, aqui no hospital. Já marquei os exames. Já falei com a tua alergologista. Tens consulta às 21h.

- ????

- Até amanhã, sobrinha.

E pronto, assim do nada arranjei divertimento para a tarde/noite de terça-feira.

 

Cheguei às 13h30.

Eu tenho um problema qualquer com a pontualidade.

Nunca chego a horas.

Chego sempre de véspera!

O meu maravilhoso tio lá me recebeu (ele lê o blog).

E encaminhou-me entre várias salas e salinhas, exames e mais exames. Todo um divertimento.

Senti-me uma criança na feira popular...só que não!

De todos os exames feitos existe um, o mais glamoroso de todos:

para os profissionais de saúde, espirometria;

para as pessoas normais, prova respiratória.

Já fiz várias vezes por isso já sabia ao que ia.

 

Então é assim:

Entramos para um cubículo, tipo poliban e colocam-nos uma mola no nariz, todo um glamour, temos um aparelho à nossa frente que avalia a nossa capacidade respiratória.

E como??

Temos de soprar para dentro de um tubo, voltámos ao glamour.

 

Lá estava eu, Joana, dentro de um cubículo, mola no nariz e cá fora uma rapariga que me dava ordens para inspirar e expirar e controlava tudo através de um monitor de computador..

- Joana, inspire e agora força, força, força...o ar todo cá para fora...

Lá fiz eu o que me mandou.

 

- Joana, vamos repetir?? Com a sua altura e o seu peso consegue fazer melhor!

Nem disse nada, tinha dado tudo o que tinha e o que não tinha.

 

- Joana, inspire e agora força, força, força...o ar todo cá para fora...

Percebi logo que tinha falhado à grande e à francesa e a rapariga fez um ar tão desiludido que me doeu o coração, quase me faltou o ar, o que é bastante irónico neste caso.

 

- Joana, pode fazer melhor. Descanse um bocadinho e vamos lá.

Eu já sem qualquer motivação lá inspirei e toca de mandar o ar mas o que queria era sair dali, piquei o ponto e ponto final!

 

- ah! Joana.

Diz a rapariga desiludida, uma tal desilusão que comecei a achar que a rapariga tinha o seu salário indexado à quantidade de centímetros cúbicos de ar expelido, em vez de ser à hora como as pessoas normais, fiquei com pena mas de mim.

 

- Vamos tentar outra vez?? Boa??

Boa???

Só se for para ela, estou dentro de um cubículo, com uma mola no nariz, vamos lá despachar que eu não gosto muito de espaços fechados.

 

- Inspire...e força, Joana, faça força.

Espera lá! Será que entrei em trabalho de parto...e nem me apercebi???

 

Inspirei e lá expeli todo o ar com toda a força que encontrei dentro de mim e .......comecei a tossir... falta de ar, farfalheira...chiadeira...o que é isto???

Um ar aflito, aterrorizado....mais ou menos desgraçado...

Pois passámos à fase em que este pessoal dos hospitais, vira jihadistas e atacam com armas químicas e eu, Joana, acabei de inalar uma substância, sem cor, sem cheiro e sem sabor só para ver se estava com atenção e se afinal tenho asma ou sou só hipocondríaca.

Tenho asma!

 

A rapariga fez o ar mais triste de sempre, pelos vistos portei-me mal.

No monitor do computador, o gráfico assinala um fluxo de ar tímido e desistente...

- Joana vamos repetir...

Pelo menos desta vez já não me enganam.

Já sei que vou ser recompensada com uma substância comprada algures no Iraque...espera, não!

Afinal o Iraque não tinha armas químicas...

 

- Joana, já sabe como é...

E eu Joana, inspirei e fui buscar forças ao além....aquém e além mar...aquém e além Tejo e expirei como nunca tinha expirado....e estava a superar-me e a conseguir os mínimos olímpicos..............e o computador bloqueou...

A rapariga entrou em stress mas já tinha gravado os resultados anteriores.

 

Saí do cubículo com ajuda dela e tirou-me a mola do nariz.

Agarrou em mim e fez-me engolir umas 20 doses de ventilan...porque eu estava a ficar roxa...ou coisa do género.

 

Volto ao consultório do meu tio preferido (ele lê o blog)..

- Os teus exames não estão nada famosos.

Senti-me novamente no liceu nas aulas de Filosofia.

 

Já estou a ser medicada e vou ficar fina num instante...

corticoides!

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