os dias certos..
Tenho estado estes dias fora. Barcelona, para variar.
Era para ir na segunda a uma hora decente mas problemas (de trabalho) atrás de problemas, fui ficando.
Fui só à noite.
Levava comigo as cinco agulhas de bambú e o fio para iniciar as minhas meias.
Comecei mas desisti.
Estava tão cansada.
Enganei-me 3 vezes.
Cheguei a Barcelona, ainda passei pelo escritório. Pedi uns relatórios. Fui para o quarto do hotel lê-los.
Estudar um pouco as situações para no dia seguinte tudo fluir.
O plano era estar em Barcelona até quarta e dar uma saltada a Madrid.
Olhar pelo meu Sporting.
Só que na terça recebo uma chamada de Lisboa a dizer, tens de vir. Precisamos de ti.
É isto a minha vida.
Apagar fogos.
No regresso também não toquei nas meias.
Aquela história do João e do destaque.
Já tinha em mente o que ia fazer.
Queria fazê-lo naquele dia.
Não ia agradecer ao rapaz daqui a 10 anos.
Estive a viagem toda a dobrar papel.
Tinha tirado da net um esquema de pinguim, em origami.
Aproveitei que os meus colegas espanhóis estavam distraídos para surripiar papel.
Tinha tudo! Esquema, papel e vontade!
Ali estava eu, Joana, 35 anos, num avião de regresso a Portugal, a tentar fazer pinguins em pleno voo.
Ao meu lado estava um senhor, chamado Carlos.
Tenho uma característica que nasceu comigo.
Eu falo com as pessoas.
E nunca me falta assunto!
Conhecendo ou não conhecendo..o que é que isso interessa??
No supermercado.
Na paragem do autocarro.
No avião. Etc.
O facto de estar a dobrar papel despertou a atenção do senhor e eu lá lhe contei a história toda. Que tinha um blog. Que o João me tinha pregado uma partida, etc, etc.
Contou-me que vinha de Barcelona do funeral da cunhada, mulher do irmão dele.
Estava em baixo.
Às tantas já estávamos os dois a dobrar papel e a fazer pinguins.
Contou-me episódios da vida dele e eu da minha.
Palavra puxa palavra e percebi que mora muito perto do meu primo António.
Conhecia o meu primo António.
A viagem acabou. Despedi-me dele.
Ontem liga-me o meu primo António.
- Passo por tua casa para deixar uma coisa.
- Deixa com Sr. Ludovino.
A verdade é que nunca mais me lembrei.
Ontem, cheguei muito tarde a casa e já não vi o Sr Ludovino.
Hoje de manhã lá estava ele à minha espera com um embrulho.
- Esteve cá aquele teu primo. Deixou isto.
Estranhei o embrulho bonito.
Chego ao carro e vejo o que é:
Abro o livro.
Fiquei sem palavras.
Há dias e dias...e depois há os dias certos.
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