Há algum tempo que faço voluntariado num canil.
Neste últimos tempos tenho sido menos assídua mas tento passar por lá pelo uma vez por semana.
Mais ou menos há dois anos e meio fui chamada para resgatar uma ninhada de cães. Fui eu, a Sónia e o Rui.
Quando lá chegámos eram 6 cachorros +1.
Este +1 era o meu cão!
O Rui, veterinário disse-nos que embora estivessem esfomeados e em mau estado tinham salvação, aquele outro cachorro...o Rui, encolheu os ombros...
Para além de esfomeado, suspeitava-se que tivesse sido atropelado, tinha um fungo na pele, quase não tinha pêlo.
O prognóstico era negro...
Fiquei com ele.
Se é para morrer que não morra sozinho.
Levei-o para casa e passei a noite toda, sentada no chão da cozinha, a mimar o cão.
O Rui tinha-me preparado duas seringas grandes com leite, uma com antibiótico e mais qualquer coisa, outra com vitaminas.
Ia-lhe dando o preparado mas não parecia ficar lá nada.
De manhã ainda estava vivo e eu comecei a acalentar alguma esperança.
O Rui dizia-me que era tonta.
Liguei para o trabalho a dizer que ia de férias.
Fiquei uma semana em casa.
Fui despachando trabalho em casa mas as minhas horas e minutos eram dele.
Uns dias depois abriu os olhos e começou a comer melhor.
O pêlo melhorou.
Começou a fazer barulhinhos.
Não tinha nome.
Estava sentada no chão da cozinha com o cão ao meu colo. Ele dormitava. Liguei a televisão. Estavam a falar de um locutor antigo da televisão, Vasco Granja.
E eu disse:
-Granja!
Nada.
Depois disse:
- Vasco.
E ele abriu os olhos.
- Olha! És Vasco!
A partir dali foi sempre a melhorar.
Ou a piorar, depende do ponto de vista.
A melhorar no que diz respeito à saúde.
A piorar no que toca ao comportamento.
Para não ficar sozinho levava-o para o trabalho.
Foi mimado até mais não.
Ainda hoje é.
Tem um feitiozinho...
Mas é o senhor simpatia e vive todos os dias como se fosse o último.
A prova de que basta uma pequena ajuda para nos erguermos de novo.
Eu ajudei-o uma vez.
Ele ajuda-me todos os dias.
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