E a resposta é não....

 É incrível como a minha vida profissional me tem afastado dos meus amigos e até da minha família.

Continuo a enviar mensagens, falar com eles no messenger, a ligar mas estar com eles, estou cada vez menos.

Mexe comigo.

 

Uma amiga minha, a Margarida, ligou-me na sexta.

- Vou almoçar ao Vasco da Gama, aparece, não aceito desculpas.

 

Não me dava jeito nenhum.

Tinha coisas para despachar.

E tinha o workshop.

Em Corroios.

Fui ao almoço. Não tive coragem de recusar.

Cheguei cedo.

Estacionei junto a uns prédios cor-de-rosa no Parque das Nações.

Não se paga estacionamento.

Com a vantagem de poder ir a pé um bom bocado.

 

Antes de sair do carro dei conta que não tinha o Iphone (é o meu telefone do trabalho) mas tinha o Samsung.

Liguei para o trabalho e pedi para verem se tinha lá deixado o telefone.

Sim, estava lá. Respirei de alívio.

 

Enviei uma mensagem à Margarida:

- Já cá estou, liga-me quando chegares...só estou neste número.

Ponho o telemóvel no bolso de trás das calças, assim tinha a certeza que o sentia quando a Margarida me ligasse.

 

Vou à casa de banho.

Estavam a limpar a casa de banho.

Entro no cubículo.

O telemóvel cai dentro da sanita.

Soltei uns:

Ai! Ai!

$#%/&%#

Ah! Ah!

Ajoelho-me à beira da sanita e nem me apercebo que tenho os pés de fora do cubículo.

Ai! Ai! Ai!

$#%/&%#

Ah! Ah!

Tirei o telemóvel da sanita.

Saio do cubículo.

Está a senhora da limpeza e um segurança à minha espera.

Olham para dentro do cubículo à procura de mais alguém.

Olham em volta.

Olham para mim.

- Primeiro achei que se estivesse a sentir mal. Ainda bati à porta.

Disse a senhora da limpeza. E continuou.

- Mas depois.....

Parou com vergonha de querer dizer o resto.

Eu olho para eles sem perceber nada...

Prossegue o segurança.

- A Miriam foi-me chamar. Quando aqui cheguei, a senhora estava de joelhos e aos gritos. Sabe, já não é a primeira vez que estão duas pessoas dentro da casa de banho.

 

Até me saltaram as lágrimas.

Na minha pessoa o riso tem uma ligação direta com o saco lacrimal.

Começo a rir..

E como não consigo falar mostro um telemóvel molhado e falecido, dentro da minha mão. E um braço molhado até ao cotovelo...

 - O meu telemóvel caiu dentro da sanita! Pelos vistos quando aqui chegou estava a resgatá-lo..

 

O telemóvel não funcionava, claro.

Outro telemóvel no saco do arroz...

Fiquei preocupada com a questão da Margarida. Ia-me ligar e nada.

O segurança, Rony da Graça Moniz, pegou no telemóvel. Tirou o cartão. Fez o mesmo ao dele. Experimentou o meu cartão no telemóvel dele. Funcionava.

E eu lá falei com a Margarida, porque o número estava gravado no cartão...uma sorte!

E lá nos encontrámos.

E soube-me pela vida, este almoço!

 

Espelho meu, espelho meu

haverá alguém no mundo

que desgrace mais telemóveis

do que eu??

 

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