4 princípios. Para escolher os presentes de Natal...

Quando era pequena quem dava os presentes de Natal era o menino Jesus.
Não havia cá Pai Natal para ninguém.
Em minha casa abríamos as prendas no dia 25 de manhã.
No dia 24 tínhamos a ceia de Natal. Mas nós crianças íamos para a cama lá para as 23h.
Dia 25 de Dezembro era o único dia do ano que os meus irmãos queriam ser acordados por mim.
Sim, eu em tempos já fui um despertador. Agora tenho o Vasco.

Nesse dia de manhã saltávamos da cama e lá estavam elas. Três prendas debaixo da árvore de Natal.
Era raro recebermos o que queríamos. Os meus pais deviam ter um plafond e nós tínhamos mais olhos que barriga.
No ano em que queria muito, muito o monopólio recebi o loto da quinta.
Era quase a mesma coisa. 
Eu fiz um ar desapontado e disse:
- Ó mãe, podemos trocar de menino Jesus?
Valeu-me um castigo. Já nem sei qual. Ao longo da infância tive mais castigos que todos os putos da região de Lisboa em 2017.

Com o passar do tempo, as prendas mudaram um bocado.
Como fomos ficando mais velhos começámos a ver a utilidade de receber dinheiro e do guardar. Ou de receber roupa. Ou alguma coisa para a casa.
Os meus pais ao longo do tempo foram adaptando sempre os presentes de Natal.

Até que chegámos a uma idade em que todos temos tudo. E já não precisamos de nada.
Estar uns com os outros é suficiente.

Resolvemos criar o amigo secreto.
Só funciona para os adultos.
No Natal do ano anterior sorteamos o amigo secreto do ano seguinte.
O meu pai fica com a informação e transmite-a nos dias seguintes aos interessados.
Na noite de Natal é giro ver o desvendar do segredo. E do mistério.
É um dos pontos altos.

As vantagens são muitas.
Todos temos uma prenda para abrir.
Pensada para nós.
A pessoa que a comprou não teve de comprar muito mais prendas e por isso é personalizada.
E normalmente ao nosso gosto.
Não gastamos rios de dinheiro.

A exceção é feita para os meus sobrinhos.
A Madalena e o Pedro já são adultos mas para nós continuam a ser os nossos bebés.
A Inês, a Carlota, o Rodrigo e a Margarida ainda são crianças.
Aliás, a Margarida ainda não fez 3 meses.
E para todos eles há prendas. O Natal é das crianças. E é importante que a magia prevaleça o mais tempo possível.

Têm prendas mas não são dadas ao acaso.
São compradas segundo 4 princípios, até porque somos 4 a oferecer: os avós, os pais e os dois tios/tias..
1- Algo que gostem muito (por exemplo: o monopólio e não o loto da quinta!)
2- Algo que precisem  (por exemplo: roupa, calçado, etc)
3- Algo para guardar (por exemplo: dinheiro ou qualquer coisa que não precisem imediatamente mas se torne útil no futuro)
4- Algo para ler (fomentar a leitura e criarem desde pequenos bons hábitos)

Também isto é sorteado. No Natal anterior...
Eu este ano fiquei com: "Algo para ler"....
E já estão escolhidos os seis livros que farão as delícias dos meus sobrinhos.
....e a prenda do meu familiar secreto? Também...
......vai ser impagável a cara que vai fazer quando a receber....

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