.... como os jogadores do Santa Clara!

Ai! Uma pessoa sofre!

Há hora do jogo do Sporting com o Santa Clara, estava eu e a Luísa em plena escola a vender bolachas para angariar dinheiro para visitas de estudo, projetos e materiais.

Já não bastava a semana anterior louca, a trabalhar e ao mesmo tempo a tirar fornadas de bolachas do forno, que uma pessoa tem 4 filhos e precisa vender muita bolacha....o Sporting, ai o Sporting.

Durante o jogo ia deitando um olho ao resultado e às mensagens que iam caindo no telemóvel. Assim, à socapa! Porque a nazi que me acompanhava....estava de olho em mim e não perdoava!

A minha sorte, no meio disto é que a miúda, também conhecida por nazi das bolachas, consegue vender frigoríficos a ursos polares.

Sim! Olham para aquela carinha adorável, sorridente e desenvolta e pimba! Compram....

A miúda tem uma técnica da qual não me lembrei!

Dá a provar as bolachas. Sem compromisso! E pronto! Mais um incauto é apanhado na nossa rede. 

Na nossa, não! Na dela. Porque o meu coração estava em Alvalade.

Passadas muitas horas. Demasiadas. Chegámos a casa.

Sem bolachas. E sem dinheiro, porque entrou diretamente nos cofres da escola.

A Luísa ganhou um diploma pelos serviços prestados. E eu quase ganhei um ataque cardíaco. 

Pelo acontecido em Alvalade. As bolachas estão inocentes, neste drama pessoal. 

O meu sogro tinha visto o jogo. 

E estava alvoraçado.

Que raio de jogo foi aquele?

- Estamos a jogar muito bem. Olhamos para a esquerda e está o jogador do Santa Clara no chão. Mais uns minutos. E estamos a compor o jogo e olhamos para a direita e está outro jogador do Santa Clara no chão. E assim continuou o jogo.

Pelo que percebi é uma recriação do presépio por parte dos jogadores do Santa Clara. 

Nas palhas deitado.

Nas palhas estendido. Filho de uma rosa. Dum cravo nascido.

Os miúdos ouvem tudo. Os miúdos percebem tudo. E por isso não me espantei quando ouvi a Luísa a dizer ao João:

- Se não estás satisfeito, atira-te para o chão como se fosses jogador do Santa Clara!

Primeiro achei graça.

Depois achei que a partir de agora pode ser o mantra para a minha vida. Sobretudo quando tiver de vender bolachas. E tiver reuniões até às tantas. E quando for contrariada. E quando tiver de fazer o irs. E quando tiver de ir fazer as compras do mês. Porque sim. E porque não!

Tal e qual! 

Como os jogadores do Santa Clara! 

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