30 dias de gratidão. Dia 7.

 30 dias de gratidão.

Dia 7.

Algo que aprecie no meu corpo.


Nasci com um ar enfezado. Mais ou menos com o aspecto da minha Luísa.

A diferença é que a Luísa nasceu quase dois meses antes e eu nasci de nove meses.

O parto teve de ser provocado. Porque quase matei a minha mãe.

É sempre um bom postal de boas vindas!! Marcar pela diferença!

Aconteceu uns dias antes do que deveria ter sido. Por isso já devia ter nascido menos ratazana e mais bebé Nestlé. Nada disso. As fotos de recém nascida metem medo ao susto.


Em minha casa nunca se ligou ao aspecto físico.

Ou melhor. Devíamos andar arranjadinhos e limpos mas fora isso ninguém nunca me disse se eu era feia ou bonita.

Até aos 15 anos não era nada de jeito. Fisicamente falando.

Pelo menos tenho essa ideia.

Tinha uns olhos que chamavam a atenção. Mas como o resto não era muito apelativo...

Não era nada vaidosa. Estava-me nas tintas para o último grito da moda. E olhava com surpresa para quem se vestia bem. 

Lembro-me do primeiro dia de aulas, no 10.º ano. 

As raparigas tinham todas uma malinha como as senhoras.

E eu tinha a minha mochila que me acompanhava desde meados do oitavo ano.

Já tinha feito meio oitavo, nono e duas férias grandes. Era preta. Estava já meio acinzentada no bolsinho que tinha à frente mas cumpria a sua função na perfeição!


Algo mudou em mim.

Não na forma de pensar. Continuei a vestir-me com uma ganga e uma t-shirt ou camisola (se estivesse frio).

Mas fisicamente falando o meu corpo alterou.

De repente os rapazes começaram a falar comigo. Não os que eram meus amigos, outros de outras turmas. Até amigos do meu irmão metiam conversa comigo.

Comecei a receber convites para aqui e para ali.

O comportamento das miúdas também mudou.

Antes não me ligavam grande coisa. 

Agora já não me ignoravam mas também não as sentia propriamente como amigas. 

No secundário fui delegada de turma sempre com os votos dos rapazes. 


Apercebi-me que se calhar era agradável à vista quando fui à entrevista para entrar na TAP.

Não sou alta. Pelo contrário.

E a justificação que me deram para entrar (sendo que não tinha altura para tal), tinha a ver com as línguas estrangeiras que falava e por ser gira. Tinha 17 anos. Aos 17 anos somos todos fantásticos.

Hoje em dia com quase 40. E sem dormir convenientemente desde o final de Dezembro...estou um caco!


Tal como a minha família, não considero o aspeto físico o mais importante.

Embora me tenha aberto algumas portas.

Uma das qualidades que mais prezo é a resiliência. E resiliente mesmo são os meus pulmões.

Desde nova que tenho asma. 

Em 2014 tive uma pneumonia bilateral. Tive um choque anafilático, estive ventilada e em coma.

Os meus pulmões não desistiram e recuperaram.

Em 2016, um pouco antes de criar o blog tive outra pneumonia. Mais uma vez os dois pulmões foram afetados.

Suspeita-se que tenham sido provocadas pelo ar condicionado do meu local de trabalho.

Nesta saga da covid sou uma pessoa de alto risco.

Os meus pulmões já comeram o pão que o diabo amassou. Mas cá estão!

Frescos e fofos. 

E por isso. No meu corpo. Destaco os meus pulmões. Pela resiliência. Por não desistirem.

Se repararem os meus pulmões são mais ou menos como o Sporting! 😂



Comentários

  1. Acho-te, mesmo sem te conhecer, uma Mulher fantástica!
    Sendo tu uma Mulher com "M" grande, só podias ter uns pulmões fantásticos e, um coração do tamanho do Mundo.🌹

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    Respostas
    1. Os pulmões não são assim muito fantásticos mas ainda não desistiram e por isso devo-me dar por feliz..... ;)

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  2. Vivam os pulmões da Joana! Sem os teus valentes pulmões não teríamos estes textos deliciosos para ler...

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