Sorte, madrasta!
A bomba caiu à hora de jantar.
Estavam as 4 crianças, eu, o Pedro e os meus sogros. A jantar.
Um jantar animado e agradável. Com muita conversa. Gargalhadas. E boa disposição.
E nisto alguém estragou o ambiente.
Quando eu digo alguém. Uma das criancinhas.
Não quero apontar o dedo a ninguém. Longe de mim. Mas. Foi o João.
Em pleno jantar. Disse em voz alta. Ouviu-se na china.
- Quando é que nós vamos ter uma madrasta?
60 segundos de silêncio, se faz favor.
1;
2;
3;
4,
...........47,5; 48; 48,5; 49;
.......59,5; 59,7; 59,8; 59,9; 59,99; 60.
Pois que as pessoas ficaram surpresas.
Sobressaltas.
Admiradas com tal pergunta.
As irmãs olharam para o crianço com olhos de lobo mau.
E os adultos desataram a rir.
Exceto eu. Que.
Como explicar.
Primeiro. Achei que não tinha ouvido bem.
Depois. Percebi que ouvi bem. Mas atingiu-me tanto que fingi que nada se passava.
.
.
A Alice como irmã mais velha tomou conta da situação.
E perguntou.
- Uma madrasta. Ficaste tontinho? Por acaso sabes o que é uma madrasta?
O João pareceu meio confuso.
E as explicações das irmãs continuaram.
- Só podes ter uma madrasta se os pais se separarem, deixarem de viver juntos e o papá casar com outra pessoa.
-É isso que queres?
Uma das irmãs ainda atirou. Já não sei qual delas porque estava demasiado abalada, com a ordem de despejo de um membro da minha família, que foi fabricado na minha barriga com todo o esmero, durante 9 meses. E que tenho alimentado e criado com todo o amor e carinho.
- Já te dissemos várias vezes, que deves pensar antes de falar!
.
.
O João abriu a boca. Mas as irmãs não deixaram. Um delas, disse devagar como se ele tivesse compreensão lenta.
- Para termos uma madrasta. O papá tem de trocar a mamã por outra pessoa, entendes??
E o João disse.
- Mas porquê que ia fazer isso. A mamã é adorável.
.
.
E ficámos assim. Fim de conversa.
Não fiquei propriamente apaziguada. Ando com todos os olhos em cima do puto.
Não vá um dia destes, acordar e ter todos os meus pertences no lado de fora da porta.
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